Ainda não há previsão para a vacina contra dengue ser adotada no Sistema Único de Saúde
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou
nessa segunda-feira(28) a comercialização da primeira vacina contra a
dengue registrada no Brasil: a Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi
Pasteur.
A aprovação anunciada no início do verão não significa
que o medicamento estará disponível para compra de laboratórios nas
próximas semanas. A vacina precisa ainda passar por regulação de preço para
estar disponível na rede particular de saúde, o que deve ocorrer ao longo
do primeiro semestre de 2016. Ainda não há previsão para a vacina ser
adotada no SUS, informa o Ministério da Saúde.
Veja também:
O Ministério da Saúde e o laboratório fabricante informam
que a vacina tem 65,6% de eficácia global no combate aos quatro sorotipos do
vírus da dengue.É um índice de eficácia menor ao de outras vacinas
adotadas na rede pública de saúde, a exemplo da que protege contra a
febre amarela: mais de 90%.
Durante o ano de 2015 o Brasil viveu uma epidemia de
dengue, mais uma vez. Pelo menos 1,5
milhão de pessoas foram infectadas com o vírus da doença, o que
significa aumento de 176% em relação a 2014. O país sofre ainda um surto
causado pelo zika
vírus. Os dois vírus são transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti.
Após o anúncio da aprovação da vacina, muitos
brasileiros se perguntaram se ela também vai ajudar na luta contra o
zika vírus. Os especialistas respondem: "A vacina não protege contra
zika e chikungunya, apenas contra o vírus da dengue", explicou ao UOL a médica
Mônica Jacques de Moraes, diretora da Sociedade Brasileira de
Infectologia.
Entenda o que significa a aprovação da Anvisa para a
saúde pública.
1) O que é a vacina aprovada pela Anvisa?
A Dengvaxia é a primeira vacina registrada contra a
dengue no Brasil. O medicamento é destinado ao público entre 9 e 45 anos
de idade e é contra indicado para gestantes, mulheres em período de amamentação
e pessoas em tratamento médico de doenças graves, a exemplo do câncer. A vacina
tem que ser aplicada em três doses, a cada seis meses.
Ela é mais eficiente em pessoas que já contraíram
dengue do que em pessoas que nunca tiveram a doença, afirma a Anvisa.
2) A vacina vai ser aplicada no SUS?
O Ministério da Saúde ainda estuda se vale a pena
adotar esta vacina, já que ela tem um custo alto e uma eficácia menor do
que outras vacinas adotadas na rede pública de saúde, a exemplo da que combate
a febre amarela. Uma possibilidade é disponibilizar no SUS a vacina apenas
para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, afirmou o ministro da Saúde,
Marcelo Castro, no meio de dezembro.
3) Qual a diferença entre esta e a vacina do Butantã?
A vacina desenvolvida pelo Instituto Butantã ainda está
na fase final de testes, mas tem apresentado resultados melhores do
que a vacina criada pela Sanofi Pasteur. "Os resultados são
animadores. A vacina do Butantã poderá ser mais barata e mais eficaz para
os quatro sorotipos do vírus da dengue, além de ser necessária apenas uma dose
para sua aplicação", explica a infectologista Mônica Jacques
de Moraes.
Não há previsão para aprovação final da vacina do
Instituto Butantã pela Anvisa. A Fundação Oswaldo Cruz e o laboratório
japonês Takeda também desenvolvem suas vacinas contra a doença.
4) A vacina contra dengue também protege contra o zika vírus?
Não. "O zika vírus e o vírus da dengue são
transmitidos pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti, mas esta vacina só protege a
pessoa contra o vírus da dengue. Portanto, a pessoa que receber esta vacina,
não estará protegida contra o zika vírus que causa a microcefalia em bebês, ou
contra o chikungunya," explica a diretora da Sociedade Brasileira de
Infectologia, Mônica Jacques de Moraes. Ela lembra que a dengue é uma doença
infecciosa causada por quatro sorotipos de arbovírus (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e
DEN-4).
5) Qual será o preço da vacina contra a dengue?
O preço será definido pela CMED (Câmara de Regulação
do Mercado de Medicamentos), órgão da Anvisa. O processo dura em média
três meses, mas não tem prazo máximo para terminar. No meio de dezembro, o
ministro da Saúde, Marcelo Castro, citou uma estimativa. "Uma dose
custa em torno de 20 euros [R$ 84]."
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