No último
dia 24, o lançamento do Milteforan – medicamento que trata a leishmaniose
visceral canina – na cidade de Araçatuba (SP), marcou o fim de uma longa
batalha no Brasil. Ao contrário dos países da Europa, por aqui os cães
sempre foram tidos como os vilões e não o mosquito-palha, responsável pela
transmissão da doença. A grande discussão sempre foi o sacrifício dos
animais infectados e não o seu tratamento. Tutores que desejavam tratar a
doença, recorriam a medicamentos importados ilegalmente, tendo em vista que
eram proibidos no país. A grande novidade é que, a partir de agora, os tutores
têm o direito de tratar os seus dogs com droga disponível em âmbito nacional.
“Os veterinários não precisam mais tratar os animais escondido, de forma
clandestina e nem brigar judicialmente para isso. Teremos liberdade de
prescrição”, disse a veterinária Romeika Reis Lima, da Canis & Catus
Especialidades. Isso porque o grupo de pesquisas da Brasilleish,
liderado pelos médicos veterinários Fábio dos Santos Nogueira e Ingrid
Menz, com o apoio do laboratório Virbac, conseguiu a aprovação do Ministério da
Saúde e da Agricultura para a comercialização do Milteforan. O medicamento
foi testado no Hospital Veterinário Mundo Animal, em Andradina (SP), com
resultados eficazes. “A decisão representa um marco na medicina
veterinária brasileira. Foram 18 anos da minha vida profissional com
dedicação exclusiva à tentativa de dar qualidade de vida aos animais
contaminados”, disse Fábio.
A eutanásia
sempre foi contestada por especialistas que garantem que a matança de cães
nunca contribuiu para diminuir o índice de contágio da leishmaniose. E
afirmam que, dos 88 países do mundo onde a doença é endêmica, o Brasil é o
único que sempre utilizou a morte dos cães como instrumento de saúde pública.
“A leishmaniose visceral tem controle, tem tratamento eficaz e, portanto, não é
necessário fazer a eutanásia do animal, exceto em casos específicos”, afirma o
veterinário Leonardo Maciel, da Clínica Veterinária Animal Center. O
veterinário Manfredo Werkhauser, da Clínica São Francisco de Assis, é um dos
fundadores da Brasilleish, e comemora. “É o que vai possibilitar o tratamento
de inúmeros animais contaminados e evitar a eutanásia”.
Fique por
dentro e previna-se
Leishmaniose
– também conhecida como calazar, a contaminação em seres humanos e animais
ocorre através da picada da fêmea do mosquito Lutzomyia longipalpis, mais
conhecido como mosquito-palha ou birigui
Sintomas no
ser humano – febre prolongada, perda de peso, falta de apetite e aumento
do fígado e baço. Se não tratada a tempo, a leishmaniose visceral tem alto
índice de mortalidade em pacientes imunodeficientes portadores de doenças
crônicas
Sintomas no
cão – lesões de pele, perda de peso, descamações, crescimento exagerado
das unhas e dificuldade de locomoção. No estágio avançado, o mal atinge fígado,
baço e rins, levando o animal ao óbito
Prevenção
da doença
Fazer a
retirada de qualquer tipo de material orgânico como folhas, fezes de animais,
entulhos e lixo, onde o mosquito possa se reproduzir. A borrifação química é
fundamental em áreas endêmicas
Prevenção
nos cães
Uso de
repelentes, coleira própria contra a leishmaniose, vacina específica,
higienização do animal e do ambiente.
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