Uma nova técnica de imunoterapia,
uma vacina personalizada que ataca os tumores, mostrou sinais promissores em
três pacientes diagnosticados com melanoma, a forma mais agressiva de câncer de
pele. Os resultados dessa abordagem, publicados nesta quinta-feira em uma
edição especial da revistaScience que dedica cinco análises aos avanços
da imunoterapia, revelam que os pacientes mostraram uma forte resposta imune,
capaz de combater a doença.
Para isso, os
pesquisadores da Universidade Washington de Saint Louis, nos Estados Unidos,
compararam o genoma dos tumores de cada paciente com a carga genética do tecido
saudável para identificar as proteínas mutantes do tumor, chamadas
neoantígenos. Usando modelos de computador, os cientistas descobriram quais
desses neoantígenos poderiam obter respostas mais fortes do sistema imunológico
e, a partir disso, fabricaram vacinas para cada indivíduo. No mês seguinte,
exames de sangue mostraram que o sistema imune dos pacientes estava respondendo
ativamente às mutações.
O grande atrativo
da pesquisa é que os cientistas conseguiram, por meio desta nova técnica,
conceber vacinas personalizadas, uma abordagem que pode ser promissora no
futuro. No entanto, os pesquisadores ressaltam que é cedo para afirmar se ela
funciona para combater ao câncer. Neste ano, estão planejados estudos com um
número maior de participantes.
"Esse é apenas
o primeiro passo. Ainda é necessário acompanhar as respostas desses pacientes
por longo prazo, além de ter outros estudos com mais pessoas e para outros
tipos de câncer. O mérito desse estudo é que os cientistas conseguiram
selecionar com precisão os neoantígenos e mostraram que os pacientes respondem
a eles", afirma José Augusto Rinck Jr., médico oncologista do hospital A.
C. Camargo. "É mais uma pesquisa a mostrar que a imunoterapia é uma
estratégia promissora de combate ao câncer."
Avanço do Ano - O objetivo da edição especial da Science é ressaltar o desenvolvimento
científico da imunoterapia e analisar o que precisa ser feito para que ela
continue a evoluir e apresentar resultados. De acordo com a revista, há relatos
de recuperações "espantosas" descritas nos artigos da edição, que
analisam as diferentes técnicas de imunoterapia, como a descrita pelos
pesquisadores americanos, e sugerem o que ainda precisa ser feito para que o
tratamento se transforme em uma maneira eficaz de combate ao câncer.
O objetivo da
imunoterapia, uma estratégia conhecida há mais de cinquenta anos, é estimular o
sistema imunológico do paciente para promover a cura. Ela foi classificada como Avanço do Ano pela Scienceem 2013, quando seus
resultados começaram a se tornar mais robustos. Os estudos feitos desde então
mostram que o tratamento é capaz de fazer com que pacientes em estágio avançado
da doença sobrevivam por mais tempo que o esperado. Há casos de pessoas que
chegaram até mesmo a erradicar os tumores.
O melanoma é o tipo
de tumor que responde melhor à terapia, mas resultados também têm sido
promissores para câncer de próstata, pulmão, rim, bexiga, pescoço e ovários. Em
conjunto, as análises da Science desenham um futuro promissor para o
tratamento, apesar dos atuais obstáculos, como os efeitos colaterais e sua
eficiência ainda para um pequeno número de pessoas.
"A estratégia
tem chamado a atenção da comunidade científica em todo o mundo e será o foco de
mais da metade dos estudos que serão apresentados este ano na Conferência da
Sociedade Americana de Oncologia Clínica, o maior evento da área. Estamos
prestando cada vez mais atenção nessas pesquisas e nas novas drogas
desenvolvidas, que podem ser uma forma realmente eficiente de combate da doença
no futuro", afirma Rinck Jr.
Comentários
Postar um comentário