Pesquisa feita por cientistas em São José do Rio Preto e publicada em revista internacional mostra que substância bloqueia infecção
Foto: Creative Commons |
Um
novo estudo feito por cientistas brasileiros mostra que um composto encontrado
no chá verde (Camellia sinensis) é capaz de bloquear a entrada do vírus da zika
em células cultivadas em laboratório.
A
substância, epigalocatequina galato (EGCG), é um polifenol conhecido por inibir
a atividade de diversos vírus. Segundo os autores, o estudo foi o primeiro a
mostrar a ação do composto no vírus da zika, indicando que a droga pode ser, no
futuro, uma opção para a prevenção das infecções.
A
pesquisa, publicada na revista científica Virology, foi realizada por
cientistas do Laboratório de Estudos Genômicos da Universidade Estadual de São
Paulo (Unesp), em São José do Rio Preto, e do Departamento de Doenças Infecciosas
e Parasitárias da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).
De
acordo com a autora principal do estudo, Paula Rahal, professora de Unesp e
membro da Rede Zika - uma força-tarefa criada por cientistas paulistas para
combater a epidemia -, o estudo demonstrou que a EGCG de fato bloqueia a
entrada do vírus em células.
"Essa
substância já é utilizada para inibição de outros vírus, como hepatite C,
influenza e HIV. O objetivo da pesquisa era fazer os mesmos testes para o vírus
da zika. Confirmamos que ele realmente bloqueia a infecção, sem produzir
efeitos tóxicos nas células", disse Paula ao Estado.
Segundo
ela, os testes duraram cerca de seis meses. Composto natural encontrado no chá
verde, a EGCG foi isolada pelos cientistas e aplicada em uma linhagem de
células amplamente usadas para testes in vitro.
"A
redução da infecção nos testes in vitro foi muito satisfatória. Vamos seguir
nessa linha de pesquisa. O próximo passo é testar a eficácia da EGCG em
animais", disse Paula, cuja linha de pesquisa principal tem foco em
inibidores de infecções virais de vários tipos.
A
colaboração entre as equipes de pesquisa de São José do Rio Preto também
estudará outras substâncias, de acordo com outro dos autores do estudo,
Maurício Lacerda Nogueira, professor da Famerp.
"Essa
é uma substância promissora e outras estão sendo avaliadas nesta colaboração.
Devemos continuar em modelos animais e tecidos humanos, como placenta por
exemplo, para verificar a utilidade clínica deste e de outros compostos",
declarou Nogueira.
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