Equipe médica que realizou a cirurgia; Flávio é o quarto da direira para esquerda - Divulgação |
— A tecnologia está bem no começo, então fazemos a
comparação com uma televisão em preto e branco. Hoje quando você mostra isso
para uma pessoa ela pensa que é ruim, mas a tecnologia começou dessa forma.
Para um paciente que não enxergava, passar a enxergar mesmo que em preto e
branco já é algo maravilhoso. Já estão trabalhando em um avanço de software,
para tentar imagem em cores. Então, provavelmente, até o ano que vem pode ser
que os pacientes já consigam enxergar colorido. Não é a visão que eu e você
temos, é uma visão digital, eles veem píxels— explica Rezende.
A tecnologia é indicada para pessoas com distrofias
que afetam as células receptoras de luz da retina (mais comuns em idosos),
dessa forma, o chip implantado faz o papel dos fotorreceptores e manda a imagem
capturada pela câmera instalada no óculos que será usado pelo paciente para o
cérebro, por meio do nervo óptico. Para transmitir as informações do óculos
para o chip, a tecnologia utiliza radiofrequência que, segundo o médico, é mais
estável e menos suscetível à interferências externas como aconteceria no caso
do uso de Wifi. No Canadá e nos EUA, uma pessoa pode ser submetida a esse tipo
de cirurgia a partir dos 25 anos, já na Europa pacientes a partir dos 18 anos
podem ser operados.
O óculos tem uma antena sem fio que se comunica com o
olho. Para que a tecnologia funcione existem alguns critérios: o nervo óptico
deve estar funcionando, depende também do tamanho do olho da pessoa. É
realmente artesanal, cada prótese é customizada para cada paciente— afirmou
Rezende.
O mecanismo permite que a intensidade da entrada de
luz seja regulada pelo próprio paciente através de um computador de mão, do
tamanho de um smartphone. A tecnologia também pode ser desligada a critério do
usuário, função importante, por exemplo, durante o sono.
— É como uma máquina fotográfica, que você controla o
diafragma para entrada de luz. Estabelecemos quais os objetivos do paciente.
Por exemplo, se o objetivo é conseguir fazer melhor as coisas dentro de casa,
então a companhia ajusta de acordo com a quantidade de luz que existe em
ambientes internos. Para nós parece uma coisa banal, mas para eles é uma
mudança de vida. Os pacientes passam a se locomover pelos cômodos sem bater nas
coisas, alguns até conseguem distinguir letras— conta.
A cirurgia custa cerca de US$ 170 mil e existe a
intenção de que seja trazida para o Brasil. De acordo com Rezende, a empresa
detentora da tecnologia pretende apresentar a proposta à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) para obter o aval e trazer o olho biônico para o país.
— Estou orgulhoso por ser o primeiro brasileiro a
fazer isso. Estamos tentando desenvolver um projeto para levar à Anvisa. Agora
está economicamente difícil conseguir a aprovação e levar a tecnologia ao
Brasil, mas quando a economia melhorar o projeto já estará lá para ser
analisado— destaca.
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