Descoberta é importante para entender quais teorias são as mais prováveis sobre as leis fundamentais do universo
Mais de 1500 físicos de 37 países fazem parte de uma colaboração que construiu
e atualmente opera o experimento ALICE (A Large Ion Collider Experiment),
montado no Grande Colisor de Hádrons (LHC) da Organização
Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN).
Cerca de 30 dos cientistas envolvidos no experimento
são brasileiros, divididos em vários grupos de estudo em universidades ao redor
do país. Entre eles está a equipe liderada pelo Professor Doutor David
Chinellato, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), de São Paulo, que,
no mês de agosto, confirmou a existência da simetria fundamental na
natureza.
O principal objeto de estudo do experimento ALICE são
colisões de altas energias envolvendo íons pesados. Este estudo pode ser feito
observando as partículas e antipartículas produzidas nestas interações.
"Queremos entender melhor o que se passou, como aconteceu, e qual a
composição das partículas produzidas a partir desse processo", conta
Chinellato em entrevista a GALILEU.
Neste trabalho em específico, a equipe do professor
doutor da UNICAMP realizou medições das massas e cargas de núcleos. Foram
feitas comparações entre dêuterons (núcleos compostos por um próton e um
nêutron) e antidêuterons, e hélio-3 (núcleos formados por dois prótons e um
nêutron) e anti-hélio-3.
Os cientistas realizaram a medição dessas partículas,
que consiste na determinação da curvatura de suas trajetórias dentro de um
campo magnético e na medição do tempo necessário para cada partícula atravessar
os detectores. A partir dessas informações foi possível calcular as massas das
partículas e antipartículas. E, segundo os cientistas, ambas as massas são
iguais.
As partículas exibem uma simetria chamada de CPT
(carga, paridade e tempo), ou seja, mesmo passando por três transformações
(inversão de suas cargas e coordenadas no espaço e reversão do tempo), as
interações físicas entre elas não se alteram.
Os físicos também realizaram importantes observações
em relação à energia de ligação, que é o que mantém os componentes juntos
dentro do núcleo: segundo eles, esse fator é idêntico nas partículas e
antipartículas.
Esse tipo de estudo é necessário pois ajuda os
cientistas a descobrir quais são as teorias mais prováveis sobre as leis
fundamentais do universo. “Comprovar a simetria CPT é um passo em direção a
entender quais são as teorias que temos que descartar”, afirma Chinellato.
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