Cientistas do RJ revelam os alvos do vírus zika no cérebro em estudo publicado esta semana pela Science
Em pesquisa pioneira no mundo, eles descobriram que vírus mata células-tronco do sistema nervoso.
Pela primeira vez, o zika é flagrado ao destruir o
cérebro humano. Um estudo de cientistas de instituições do Rio de Janeiro
mostrou em laboratório a devastação provocada pelo vírus no sistema nervoso
central de fetos. A pesquisa revela que o zika ataca células-tronco neuronais,
mais especificamente aquelas que dão origem aos neurônios do córtex, a área
mais nobre do cérebro. Esse é o primeiro estudo do mundo a demonstrar uma
relação de causa e efeito entre o zika e danos neurológicos.
– Mostramos que existe uma relação causal entre o zika
e a destruição do sistema nervoso – afirma o coordenador do estudo, Stevens
Rehen.
Além de Rehen, da neurocientista Patrícia Garcez e do
virologista Amílcar Tanuri, participaram do estudo cientistas do Instituto D’Or
de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Antes, havia só uma correlação entre a infecção pelo zika e a microcefalia e
defeitos do sistema nervoso. Até agora, ninguém tinha observado o zika em ação
dentro de células humanas.
Mais estudos serão necessários para a comprovação e o
entendimento de como o zika causa uma síndrome congênita capaz de afetar várias
partes do feto em desenvolvimento. O estudo foi realizado com células humanas,
diferentemente de experiências em curso em instituições estrangeiras, que usam
modelos animais.
Os cientistas simularam a ação do zika em diferentes
períodos da gestação. Com estruturas chamadas neuroesferas (feitas de células
nervosas), eles viram o que acontece quando o vírus ataca o sistema nervoso
assim que este se forma. Nesse caso, a destruição é praticamente total. Com o
uso de minicérebros (estruturas celulares que se organizam como o cérebro),
eles observaram o que ocorre do primeiro ao terceiro mês de gestação – uma
redução de 40% no crescimento e morte maciça de neurônios.
– Isso não significa que o zika não ataque outras
células. Mas seu alvo parece ser as células-tronco do córtex. Com isso, ele
provoca uma cascata de destruição no feto, onde essas células-tronco se
proliferam – explica Rehen.
Seguindo a orientação da OMS sobre partilha de dados
em caso de emergência, os resultados estarão disponíveis on-line hoje numa
revista científica internacional.
Fonte:http://www.genesisgenetics.com.br via O Globo
Fonte:http://www.genesisgenetics.com.br via O Globo
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