O Dissulfiram
ativa as células infectadas com HIV, que estavam latentes, e as expõem para serem
destruídas pelo sistema imunológico
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Um medicamento usado para tratar o alcoolismo poderia
ativar as células latentes do HIV, as evidenciando para que possam ser
destruídas, segundo um estudo publicado na revista TheLancet HIV.
Quando administrado a 30 pacientes HIV
positivos, nos EUA e na Austrália, em três dias, o medicamento pareceu
“acordar” as células que continham HIV sem causar quaisquer efeitos secundários
nocivos.
Vendido comercialmente como Dissulfiram
(antabuse), a droga faz com que as pessoas vomitem quando consomem álcool, dando
motivos para o não consumo posterior de bebidas. Porém, agora, tudo
indica que a droga pode superar um dos maiores obstáculos para a cura de HIV /
AIDS: a latência do HIV, que permite que o vírus fique dormente e indetectável
no corpo, a salvo dos efeitos dos medicamentos antirretrovirais atuais (ART)
que só podem tratar células de HIV presentes na corrente sanguínea.
Os cientistas já haviam identificado uma classe
de enzimas como medicamento chamada de histona deacetilase, capaz de evidenciar
as células HIV latentes. Porém, este medicamento provoca muitos efeitos
colaterais tóxicos, dificultando sua aceitação como opção viável de tratamento.
Já o Dissulfiram, por não apresentar efeitos colaterais prejudiciais, pode ser
promissor.
“Este ensaio demonstra claramente que o
Dissulfiram não é tóxico e é seguro, muito possivelmente podendo ser o divisor
que precisamos. Mesmo com a droga dada por apenas três dias, vimos um claro
aumento do vírus no plasma sanguíneo, o que foi muito encorajador”, disse a
pesquisadora-chefe da pesquisa, Sharon Lewin, da Universidade de Melbourne, na
Austrália.
Medicamentos antirretrovirais atuais podem
manter as células de HIV no sangue sob controle, mas os pacientes precisam
tomá-los para o resto de suas vidas, para caso o vírus dormente apareça
repentinamente. O Dissulfiram aparece como o primeiro grande passo na busca de
uma cura definitiva. O próximo passo será encontrar uma droga capaz de matá-los
ao atingirem a corrente sanguínea. Embora os medicamentos antirretrovirais
possam conter a multiplicação destas células, não podem destruí-las.
“Este é um passo muito importante, pois temos
demonstrado que podemos acordar o vírus dormente com um medicamento seguro,
facilmente tomado por via oral, uma vez por dia. Agora precisamos descobrir
como se livrar da célula infectada. Um incentivo ao sistema imunológico pode
ajudar”, disse Julian Elliott, membro da equipe da Universidade de Melbourne,
em um comunicado de imprensa. “Ainda temos muito a aprender sobre como, em
última instância, podemos erradicar este vírus muito inteligente”, concluiu.
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