Uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz encontrou o vírus na glândula salivar do mosquito, mas ainda não é possível afirmar que ele transmite a doença
Pesquisadores da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco encontraram o zika vírus ativo na glândula
salivar e no intestino do mosquito Culex (pernilongo comum). A revelação sugere
que o pernilongo poderia ser um novo vetor de transmissão da doença, além do Aedes
aegypti.
"Para concluir isso (em
definitivo), só falta identificar em campo a espécie de mosquito infectada com
o vírus da zika. Nas casas e onde acontecem registros do vírus estão sendo
coletados mosquitos das duas espécies. Trazemos esse material para o laboratório
e fazemos os testes moleculares para detectar o vírus nesses mosquitos. Após
analisar uma grande quantidade de amostras, poderemos ter uma ideia se o Aedes
é o vetor exclusivo, se existem outros vetores e qual a importância de cada um
na transmissão", afirma Constância Ayres, autora da pesquisa.
A conclusão se deu após a
cientista realizar, em laboratório, três infecções em cerca de 200 mosquitos
Culex criados em laboratório. No experimento, a pesquisadora alimentou os
pernilongos por sete dias com sangue infectado pelo zika. Análises posteriores
mostraram que o vírus se manteve ativo nos insetos. "Isso significa que o
atual vírus conseguiu escapar de algumas barreiras no mosquito e chegou à
glândula salivar", explicou a pesquisadora durante o workshop A, B, C, D,
E do vírus zika.
A presença do Culex em zonas
urbanas do país supera em 20 vezes a incidência do Aedes, conforme os
especialistas da Fiocruz. Ele também constituiria uma ameaça maior, por estar
disseminado quase em todo o mundo, e por ter facilidade de reprodução em água
suja - ao contrário do vetor comum de dengue, zika e chikungunya.
Veja também:
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Cautela - Apesar do
achado, especialistas dizem que o fato de o Culex ser "infectável"
não indica obrigatoriamente que ele possa transmitir zika. "O experimento
ainda é muito preliminar", disse Margareth Capurro, bióloga do Instituto
de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).
Balanço - De acordo com
a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), há 134 mil casos suspeitos de zika
no continente e 2.765 confirmados. A organização destaca que, pelo fato de 80%
das vítimas serem assintomáticas e ainda existir dificuldade de diagnóstico,
esses números não representam o surto.
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