Homem que estava isolado em Cascavel, no Paraná, foi levado para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas
Paciente com suspeita de Ebola é encaminhado para a Fiocruz - Pedro Teixeira / Agência O Globo |
Homem que estava isolado em Cascavel, no Paraná, foi levado para o
Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas
RIO E BRASÍLIA - Um paciente com suspeita de ebola chegou ao Rio
por volta das 6h30m desta sexta-feira, em um avião da Força Aérea Brasileira,
na Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador. O africano Souleymane Bah, de
47 anos, foi transportado em uma ambulância do Corpo de Bombeiros para o
Instituto de Infectologia Evandro Chagas, que fica na Fundação Oswaldo Cruz, em
Manguinhos, unidade de referência da pesquisa de ebola no país.
Veja também: Brasil tem 1º caso suspeito de Ebola no Paraná
O primeiro caso suspeito de ebola registrado no Brasil ocorreu na
cidade de Cascavel, Paraná. O Ministério da Saúde informou que se trata de um
homem vindo da Guiné, um dos países africanos mais afetados pela doença. Ele
chegou ao Brasil no dia 19 de setembro, tendo feito antes escala em Marrocos. O
homem foi mantido em isolamento total até quinta-feira.
Souleymane Bah já está recebendo os atendimentos básicos na
Fiocruz, como medição de temperatura e pressão. Durante a manhã desta
sexta-feira, médicos irão colher amostras de sangue do paciente para comprovar
se ele está mesmo infectado com o vírus do ebola. O material será enviado ao
Instituto Evandro Chagas no Pará, onde os exames laboratoriais da instituição
são realizados.
Depois de deixar a Base Aérea do Galeão, a ambulância que
transportou o paciente suspeito de estar contaminado com ebola seguiu pela
Linha Vermelha em meio ao horário de rush da manhã e, quando chegou a
Manguinhos, bairro onde está localizada a Fiocruz, a motorista da ambulância
errou o caminho.
Após ser sinalizada por alguns moradores, ela fez a volta e assim
pegou o caminho certo até a entrada do instituto. Por medida de segurança, a
motorista do SAMU usava máscara, touca , luva e outros equipamentos de segurança
Segundo o Ministério da Saúde, outras suspeitas que haviam sido
levantadas antes no país eram apenas boatos. De qualquer forma, o caso em
Cascavel ainda precisa ser confirmado para ser considerado como o primeiro de
um paciente com ebola no Brasil. Não está descartada a hipótese de o paciente
estar infectado com malária ou febre amarela, doenças com sintomas semelhantes
ao do ebola.
O africano veio para o país na condição de
refugiado. De acordo com o documento expedido pela Coordenação Geral de Polícia
de Imigração, ele pode permanecer no Brasil até o dia 22 de setembro de 2015.
Polícia Federal emitiu documento autorizando a permanência do africano no Brasil - / Divulgação |
De acordo com o Ministério da Saúde, ele relatou que na
quarta-feira e na quinta-feira teve febre e, até o começo da noite, ele estava
subfebril, mas não tinha hemorragias, vômitos ou outros sintomas. Como veio de
um país onde há epidemia da doença, e apresentou sintomas em até 21 dias após
deixar a África (limite máximo para o período de incubação da doença), foi
considerado caso suspeito.
A assessoria de imprensa da prefeitura de Cascavel afirmou que a
unidade de pronto atendimento onde o homem com caso suspeito foi atendido, no
bairro Brasília, foi isolada. Equipes do ministério e do governo estadual
estiveram de madrugada na cidade.
A prefeitura informou que os pacientes na unidade que não tiveram
contato com o homem não foram impedidos de sair. Mas quem teve contato com ele
permanece isolado lá dentro. Além disso, ninguém pode entrar na UPA.
O Ministério da Saúde informou que, assim que foi comunicado,
enviou imediatamente para Cascavel, por meio da Força Aérea Brasileira (FAB),
uma equipe que vai coordenar as medidas de atendimento e identificação de
pessoas que podem ter tido contato com ele.
Avião da FAB que fez o transporte do paciente com suspeita de ebola - / Reprodução |
Além do ministério, o governo do Paraná mandou equipe de
vigilância em saúde para a cidade. Na manhã da sexta-feira, o ministro da
Saúde, Arthur Chioro, e o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde, Jarbas Barbosa, falarão com a imprensa sobre o caso.
Segundo o ministério, o ebola só é transmitido através do contato
com o sangue, tecidos ou fluidos corporais de indivíduos doentes, ou pelo
contato com superfícies e objetos contaminados. O vírus é transmitido apenas
quando surgem os sintomas.
PLANO DE CONTINGÊNCIA
A elaboração do plano de continência para pacientes com suspeita
de ebola foi concluída no final de agosto pelo Ministério da Saúde. De acordo
com a assessoria de imprensa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a instituição
está preparada para receber pacientes infectados com a doença e todos os
procedimentos padrões estão prontos. Ainda, segundo a Fiocruz, não há risco de
contágio.
Desde julho, todas as semanas os médicos infectologistas do
Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas recebem treinamento sobre o
ebola. Eles participaram de eventos e palestras com pessoas que estiveram em
áreas contaminadas pela doença, além de um grande treinamento que ocorreu em
agosto.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, que coordena a ação nacional,
e o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, falarão sobre o caso em
coletiva prevista para a manhã desta sexta-feira no Ministério da Saúde.
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