Fenômeno nas pesquisas eleitorais, candidata do PSB corre o risco de naufragar ao detalhar suas propostas para o País
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O discurso da construção
de uma nova política que rejeita o toma lá dá cá e as alianças de caráter
exclusivamente eleitoreiro não é novo, costuma trazer momentaneamente uma
enxurrada de votos, mas não tem sido suficiente para levar seus protagonistas à
vitória. O País vive seu mais longo período de democracia e o exercício do voto
não é mais uma novidade. E, quanto mais madura for uma democracia, mais o
eleitor é capaz de confrontar discursos e práticas políticas. Há dois anos, em
São Paulo, na disputa pela prefeitura da maior cidade do País, o deputado Celso
Russomano (PRB) subiu nas pesquisas eleitorais como um rojão. Assim como Marina
Silva se confunde com a defesa do meio ambiente, Russomano trazia consigo o
carimbo de xerife do consumidor. Como Marina, Russomano participava da eleição
com um partido de pouca densidade eleitoral. Na primeira semana de setembro de
2012, as pesquisas mostravam o deputado com 35% das intenções de voto. Na
liderança de uma disputa que contava com políticos como José Serra e o
ex-presidente Lula carregando no colo seu afilhado Fernando Haddad. Mas, com o
início dos debates e a proximidade da eleição, o candidato foi desafiado a dar
detalhes sobre seus projetos concretos para uma cidade com problemas de
dimensão nacional. E nesse momento, quando o discurso genérico precisou ser
confrontado com propostas específicas e detalhadas, a disputa ganhou outro
ritmo. O deputado apresentou propostas improvisadas e sem respaldo técnico,
como a que tornava o ônibus mais caro àqueles que morassem mais distante do
lugar de trabalho e em apenas dez dias viu sua candidatura naufragar. Chegou na
eleição em terceiro lugar e nem sequer disputou o segundo turno.
Veja também: Aécio sai vitorioso no segundo turno de acordo com método que acertou 100% nas eleições dos EUA
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No
plano nacional, em 2002, o então candidato à Presidência da República Ciro
Gomes também apresentou-se ao eleitorado como o “novo”, contrário às alianças
oportunistas. Apresentava à sociedade uma série de propostas genéricas e
propunha mudanças econômicas sem detalhar exatamente como iria executá-las. No
final de julho chegou a contar com 28% das intenções de voto, superando o então
candidato tucano, Jose Serra, e empatado tecnicamente com Luiz Inácio Lula da
Silva. Pressionado a explicar seus projetos com maior profundidade, o candidato
reagiu com arrogância e passou a ver seus votos irem embora. No final de
agosto, quando perguntado sobre a participação da atriz Patrícia Pillar – sua
mulher na época – na campanha, respondeu: “Minha companheira tem um dos papéis
mais importante, que é dormir comigo”. Quando as urnas foram abertas, Ciro
Gomes somava apenas 11% dos votos, chegando em quarto lugar.
Marina Silva é muito diferente e tem trajetória política absolutamente distinta
da de Celso Russomano. Ela também não tem o destempero verbal de Ciro Gomes,
mas pela primeira vez se depara com a situação de ser uma alternativa real de
poder. Chega, então, o momento em que também ela terá que explicar ao eleitor
os detalhes do que pretende fazer se vier a ocupar o Palácio do Planalto. Daqui
até a eleição, o eleitor espera ouvir propostas detalhadas e factíveis e
certamente vai relacionar discursos eleitorais e práticas políticas. O desafio
está posto.
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